“Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações.” (At 2, 42)

O Papa Francisco declarou 2025 como um “Ano Santo”. Um Ano Santo, ou Jubilar, ocorre geralmente a cada vinte e cinco anos. Os mais velhos lembram-se do Ano Jubilar de 2000, quando a Igreja celebrou o grande jubileu do nascimento de Cristo. No entanto, há exceções: no dia 8 de dezembro de 2015, o Papa Francisco abriu um “Ano Santo Extraordinário” da Misericórdia, que terminou em 20 de novembro de 2016, na festa de Cristo Rei.

Quando os Anos Santos são celebrados a cada vinte e cinco anos são chamados de “ordinários”, os demais são chamados de “extraordinários”, como foi o caso do Jubileu da Misericórdia lançado pelo Papa Francisco.

A celebração do Ano Santo possui origem bíblica, tendo sido instituída no tempo de Moisés. O livro bíblico do Levítico prescrevia um jubileu de cinquenta em cinquenta anos.

“Declarareis santo o quinquagésimo ano e proclamareis a libertação de todos os moradores da terra. Será para vós um jubileu: cada um de vós retornará a seu patrimônio, e cada um de vós voltará ao seu clã. O quinquagésimo ano será para vós um ano jubilar: não semeareis, nem ceifareis as espigas que não forem reunidas em feixe, e não vindimareis as cepas que tiverem brotado livremente. O jubileu será para vós coisa santa e comereis o produto dos campos. Neste ano do jubileu, tornará cada um à sua possessão.” (Lv 25, 10-13)

O “shofar”, ou seja, o chifre de carneiro, era tocado para anunciar o início do “jubileu” (“yobel” em hebraico). Utilizado como uma trombeta, o shofar anunciava ao povo, através de diferentes sons, as convocações, reuniões ou ordens de combate.

Era também utilizado para convocar os filhos de Israel para adorar e louvar o Eterno (cf. Sl 150,3). A palavra “shofar” é mencionada pela primeira vez na Bíblia, em Êxodo 19, 16.19.

O Apóstolo João, no seu livro do Apocalipse, bem como o Apóstolo Paulo, evocam o “som da trombeta”, que ressoará por ocasião da convocação do Advento final e glorioso do Senhor (cf. Ap 10, 7; 1Cor 15, 52;
1Ts 4, 16)
.

O anúncio oficial do Ano Jubilar 2025 foi feito pelo Papa Francisco no dia 11 de fevereiro de 2022. Na sua carta ao Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, o Papa sublinhou que, depois de dois anos marcados pelo sofrimento causado pelo vírus do Covid, o próximo Jubileu encorajaria o retorno a “um clima de esperança e confiança”.

Nestes dois anos, não houve um único país que não tenha sido abalado por essa “inesperada epidemia que, além de nos ter feito tocar de perto o drama da morte na solidão, a incerteza e o caráter provisório da existência, modificou o nosso modo de viver”.

O jubileu é geralmente preparado durante os três anos que o precedem. Nesses três anos, os temas da proximidade e do cuidado (2022), da reconciliação e da purificação da memória (2023) e do amor político (2024) acompanham e acompanharão o povo cristão. O caminho culminará em 2025 com a experiência jubilar da fraternidade “Peregrinos de Esperança”.

O Papa Francisco apresentou a sua visão para o Jubileu de 2025 na sua carta do dia 11 de fevereiro de 2022:

“Devemos manter acesa a chama da esperança que nos foi dada e fazer todo o possível para que cada um recupere a força e a certeza de olhar para o futuro com espírito aberto, coração confiante e mente clarividente. O próximo Jubileu poderá favorecer imenso a recomposição dum clima de esperança e confiança, como sinal dum renovado renascimento do qual todos sentimos a urgência. Por isso escolhi o lema Peregrinos de esperança.”

Definiu também este ano jubilar como um “dom de graça” a ser experimentado através de “peregrinações, indulgências e testemunhos vivos de fé”.

Em Roma, a Basílica de São Pedro e toda a Cidade do Vaticano já estão em preparação para o Grande Jubileu de 2025, sob o sinal do Apóstolo Pedro. Na primeira das suas duas cartas, o Apóstolo dirige-se aos fiéis da Ásia Menor, convidando-os a redescobrirem as razões espirituais da Esperança:

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, em Sua grande misericórdia, nos gerou de novo, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma esperança viva.” (1Pd 1,3)

Outra dimensão que o Santo Padre sublinha na sua carta de anúncio do Jubileu é a preocupação com os pobres, que todos teremos de incluir nos nossos programas de vida e celebração fraterna.

“Entretanto tudo isto será possível se formos capazes de recuperar o sentido de fraternidade universal, se não fecharmos os olhos diante do drama da pobreza crescente que impede milhões de homens, mulheres, jovens e crianças de viverem de maneira digna de seres humanos. Penso de modo especial nos inúmeros refugiados forçados a abandonar as suas terras. Que as vozes dos pobres sejam escutadas neste tempo de preparação para o Jubileu que, segundo o mandamento bíblico, restitui a cada um o acesso aos frutos da terra: ‘O que a terra produzir durante o seu descanso, servir-vos-á de alimento, a ti, ao teu escravo, à tua serva, ao teu empregado e ao inquilino que vive contigo. Também o teu gado, assim como os animais selvagens da tua terra, poderão alimentar-se com todos esses frutos’ (Lv 25, 6-7).”

Por fim, antes da publicação da Bula de proclamação do Jubileu, que deve conter todas as informações para os futuros peregrinos, o Papa deseja que 2024 seja como uma “grande sinfonia de oração”, para agradecer a Deus e abrir-nos o coração:

“Neste tempo de preparação, desde já me alegra pensar que se poderá dedicar o ano anterior ao evento jubilar, o 2024, a uma grande ‘sinfonia’ de oração. Oração, em primeiro lugar, para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, escutá-Lo e adorá-Lo. Oração, depois, para agradecer a Deus tantos dons do seu amor por nós e louvar a sua obra na criação, que a todos compromete no respeito e numa ação concreta e responsável em prol da sua salvaguarda. Oração, ainda, como voz de ‘um só coração e uma só alma’(cf. At 4, 32), que se traduz na solidariedade e partilha do pão quotidiano.

Oração, além disso, que permita a cada homem e mulher deste mundo dirigir-se ao único Deus, para lhe expressar tudo o que traz no segredo do coração. E oração como via mestra para a santidade, que leva a viver a contemplação inclusive no meio da ação. Em suma, um ano intenso de oração, em que os corações se abram para receber a abundância da graça, fazendo do ‘Pai Nosso’ — a oração que Jesus nos ensinou — o programa de vida de todos os seus discípulos.”

Desejemos, uns para os outros, que 2024 seja um ano de oração, repleto do desejo da “grande Esperança”, a Esperança que nos faz vislumbrar a vida eterna do Senhor que se compadece, segundo as palavras do filósofo Jacques Maritain:

“Deus faz misericórdia a quem quer, e a Sua piedade vai para quem quer; é o privilégio da Sua liberdade.”

Feliz e fervoroso Ano de Preparação para o Jubileu, celebrado com a ajuda do Espírito de Deus, numa Fé intensa, numa Esperança viva e numa Caridade criativa! Que este modesto compêndio ajude todos a participar nesta grande sinfonia preparatória.

 

Diácono Georges Bonneval

Fundador da Comunidade Sementes do Verbo

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