Preparação para o Ano Santo com o Apóstolo Pedro
“As chaves do reino dos céus e o céu, o prêmio da nossa esperança.”
O Papa Francisco colocou o Ano Santo de 2025 sob o tema “Peregrinos da Esperança”. “Para que o Ano Santo seja preparado e celebrado com fé intensa, esperança viva e caridade ativa” 1. O Ano Jubilar, celebrado na Igreja a cada cinquentenário e depois a cada vinte e cinco anos, permite que o povo santo de Deus vivencie essa celebração como um dom especial de graça, caracterizado pelo perdão dos pecados e, em particular, pela indulgência que é a expressão plena da misericórdia de Deus. No final de uma peregrinação (à Terra Santa e a Roma), os fiéis podem ter acesso ao tesouro espiritual da Igreja atravessando a Porta Santa e venerando as relíquias dos Apóstolos Pedro e Paulo preservadas nas Basílicas Romanas. Ao longo dos séculos, milhões de peregrinos visitaram esses lugares sagrados, dando testemunho vivo de sua fé.
O Grande Jubileu do ano 2000 introduziu a Igreja no terceiro milênio. São João Paulo II havia preparado e desejado há muito tempo essa celebração dos dois mil anos do nascimento de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Estamos agora aproximando-nos dos primeiros vinte e cinco anos do século XXI. Uma etapa especial, após o Jubileu Extraordinário da Misericórdia 2, que nos permitiu redescobrir toda a
força e a ternura do Amor misericordioso do Pai, para que possamos, por nossa vez, ser testemunhas Dele. “O próximo Jubileu poderá favorecer imenso a recomposição dum clima de esperança e confiança, como sinal dum renovado renascimento do qual todos sentimos a urgência. Por isso escolhi o lema Peregrinos de esperança.” 3
O chamado de Pedro e dos apóstolos
O ministério de todos os apóstolos era substancialmente o mesmo: todos eles tinham que dar testemunho da ressurreição de Jesus, receber e transmitir a revelação da verdade cristã, elaborar diretrizes pastorais e canônicas, em suma, administrar a Igreja de Cristo. Pedro, por outro lado, recebeu um privilégio único que, em termos de poder jurisdicional, o colocou imediatamente na posição especial de “servo” de todos os apóstolos. Se a tradição católica faz dele o “Príncipe dos Apóstolos”, o primeiro bispo de Roma e da Igreja Universal, Pedro também é chamado de “o servo dos servos”, em relação às palavras de Cristo aos doze apóstolos: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e o servo de todos.” (Mc 9, 35)
Pedro era originalmente chamado de Simão, mas quando Jesus o chamou pela primeira vez à margem do lago, deu-lhe o nome de Simão Kephas ou Kêfâ em aramaico. Seu apelido aramaico helenizado, Kephas, é traduzido para o francês como Cephas ou Képhas, que significa “rocha”. Jesus brinca com as palavras quando diz a Pedro: “Pedro (Kephas), você é uma rocha (em grego, petros), e sobre essa rocha (em grego, petra) edificarei a minha igreja (ekklésia)”.
O chamado de Pedro nos três textos do Evangelho
No texto (mais longo) de São Mateus (Mt 16, 13-20), Jesus responde à confissão de fé de Simão Pedro: “Jesus respondeu-lhe: ‘Bem aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus’.” (Mt 16, 13-20) Pedro é o fundamento sobre o qual Cristo construirá sua Igreja como um edifício. As portas do Hades, ou seja, os poderes da morte ou, certamente, as potências do mal, não prevalecerão contra ela. Pedro receberá o poder das chaves para abrir e fechar o Reino dos Céus e é por isso que Pedro é representado carregando as chaves em sua mão. De acordo com São Lucas (Lc 22, 31-32), os apóstolos serão provados, mas o Senhor orou por Pedro, e é a ele que caberá a missão de confirmar seus irmãos: “Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos.”
Pedro recebeu a tarefa particular de fortalecer os apóstolos
É exatamente aquele que teve a experiência única da Divina Misericórdia que deve fortalecer seus colegas pastores na Fé e na Esperança. O terceiro texto, em São João, está incluído nos relatos das aparições de Jesus Ressuscitado às margens do Lago Tiberíades: “Depois de comerem, Jesus disse a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes’? Ele lhe respondeu: ‘Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo’. Jesus lhe disse: ‘Apascenta os meus cordeiros’. Uma segunda vez lhe disse: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ — ‘Sim, Senhor’, disse ele, ‘Tu sabes que Te amo’. Disse-lhe Jesus: ‘Apascenta as minhas ovelhas’. Pela terceira vez disse-lhe: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara ‘Tu me amas?’ E lhe disse: ‘Senhor, Tu sabes tudo; tu sabes que eu Te amo’. Jesus lhe disse: ‘Apascenta as minhas ovelhas’.”(Jo 21, 15-17) O que a Igreja tem lido nesses textos há dois mil anos é que Jesus deu a Pedro, a soberania da jurisdição espiritual e que passaria depois dele a todos os seus sucessores, ou seja, aos vários papas romanos. E isso não se deve a nenhuma superioridade segundo o espírito do mundo, mas ao princípio da caridade e do serviço de acordo com o Evangelho. O Evangelho confere um novo privilégio jurisdicional a Pedro. Ele funda a Igreja não apenas de modo episódico, à maneira dos outros apóstolos (o privilégio apostólico), mas também permanentemente. Esse fato atribuiria a Pedro um lugar especial entre os apóstolos (o que o Cardeal Journet chama de “privilégio transapostólico”). Todos os apóstolos trabalharam para fundar episodicamente a Igreja, segundo o primeiro modo, com o privilégio apostólico que lhes é próprio. Mas “diz-se que somente Pedro é a rocha sobre a qual repousará uma Igreja constantemente atacada pelos poderes do inferno. Ele funda a Igreja estruturalmente, em termos de sua permanência no presente: eis o seu privilégio transapostólico” 4.
O pastor das ovelhas de Cristo
O texto de São João, por sua vez, exige que façamos a distinção, por um lado, entre os apóstolos enquanto apóstolos e, por outro lado, os apóstolos como ovelhas de Cristo, separados de Sua presença visível desde a Ascensão e, desde então, confiados por Ele aos cuidados de Pedro, como único pastor. Os apóstolos, como ovelhas privilegiadas de Cristo, são enviados, como embaixadores de Cristo, de acordo com uma expressão de São Paulo (cf. 2 Cor. 5,20; Ef. 6:20), para realizar o plano de Cristo, fundar Igrejas locais e incorporá-las à Igreja universal. Mas Pedro, como pastor, é o centro de coordenação visível dessa Igreja universal, o depositário do poder universal supremo, o tenente, o vigário de Cristo para governar as ovelhas de Cristo. Em sua missão de “confirmar seus irmãos”, é de fato, ele quem vemos no livro de Atos dos Apóstolos, acompanhando e administrando os primeiros passos da Igreja universal (cf. At 2, 14, 40; 3, 4, 12; 4, 8; 5, 3, 15, 29, etc.). Esse privilégio dado a Pedro é para durar ou para morrer com ele? É dado a Pedro somentepara si mesmo, ou também é dado a ele para seus sucessores, em consideração ao futuro da Igreja? Aqueles que se opõem à visão católica dizem que, nem a noção de duração, nem a noção de sucessores são mencionadas no Evangelho. Isso é verdade? O Cardeal Journet responde: “Se o privilégio dado por Jesus somente a Pedro não é o poder apostólico e comum de fundar a Igreja no que diz respeito ao seu surgimento no passado, mas o poder transapostólico e reservado de fundála no que diz respeito à sua permanência no presente, torna-se imediatamente claro que ele deve durar, na mente de Jesus, tanto quanto a Igreja, que o alicerce deve durar tanto quanto o edifício. A noção de duração e sucessão está necessariamente implícita na natureza do privilégio de Pedro, assim que parece que Pedro deve fundar a Igreja como a rocha funda o edifício” 5 Cristo é aquele a quem “foi dado todo o poder no céu e na terra”. Ele não poderia estar alheio ao desenrolar dos tempos, desde sua ressurreição até seu retorno, desde o Pentecostes até a Parusia. A primazia de Pedro é, portanto, de natureza jurisdicional permanente. “Eu Te darei as chaves do Reino dos Céus.” O poder jurisdicional confiado por Jesus aos apóstolos é de dois tipos: jurisdição apostólica comum a todos os apóstolos: “Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu.” (Mt 18, 18)
Depois vem o poder “transapostólico” de Pedro, a quem as mesmas palavras são dirigidas em particular: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16, 19). Portanto, devemos entender que é somente a Pedro que se diz que ele receberá as chaves do Reino e que ele será a rocha e o fundamento sobre a qual o edifício será construído. O dom das chaves, escreve o Padre Lagrange, quer dizer que “o Mestre mantém Seu poder soberano, mas delega Seu exercício a um mordomo. Colocarei a chave da casa de Davi em seu ombro, e se ele abrir, ninguém fechará, e se ele fechar, ninguém abrirá… Sobre ele penderá toda a glória da casa de seu Pai. Essa passagem de Isaías (cf. Is 22, 22. 24) é aplicada pelo Apocalipse (cf.Ap 3,7) ao próprio Jesus. Jesus é o fundamento e Pedro é o alicerce; Jesus tem a chave de Davi e Pedro tem ‘as chaves’; a autoridade de Pedro é, portanto, a de Jesus. As medidas que Ele toma na terra como um mordomo fiel serão ratificadas no céu, isto é, por Deus” 6. Para resumir como os apóstolos Pedro e Pauloviveram seus carismas e ministérios pessoais, o Papa Francisco esclareceu esses ministérios da seguinte
forma: “Pedro e Paulo, dois Apóstolos enamorados do Senhor, duas colunas da fé da Igreja (…) A resposta de Pedro poder-se-ia resumir numa palavra: seguimento. Se a resposta de Pedro consistia no seguimento, a de Paulo é o anúncio, o anúncio do Evangelho. (…) Parece que ele, quanto mais anuncia o Evangelho, tanto mais conhece Jesus.” 7
A visão do Céu é tão familiar a nós!
“Se temos esperança em Cristo tão-somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens.” (1 Cor 15, 19) Assim como, sem a afirmação da ressurreição de Cristo, nossa fé cristã é vã (cf. 1Cor 15,14), assim também, podemos reconhecer com São Paulo que, sem a esperança de nossa própria ressurreição e vida eterna, nossa fé e nossa vida consagrada permaneceriam vãs. Em toda a história da Igreja, o testemunho de mártires e santos atesta sua fé e esperança em seu encontro final com o Cristo Ressuscitado, para além do sofrimento e da morte. Entretanto, para muitos cristãos de hoje, essa confiança e esperança escatológicas são minadas pela influência do secularismo predominante, que gera dúvidas e relativismo. “Intimamente ligada ao fenômeno da secularização está a persuasão generalizada — certamente sob a influência da mídia — de que o homem, como todas as outras coisas no espaço e no tempo, não passa de matéria e que desaparecerá totalmente com a morte”. 8 O indiferentismo religioso, que mina o alicerce da esperança na vida eterna, faz parte do ar que respiramos e das reações de muitas pessoas que encontramos. Essa mentalidade não deixa de ter
seus efeitos sobre as almas consagradas. Além disso, o ativismo terreno do “fazer”, que é a tentação constante dos missionários, pode gradualmente limitar o horizonte da fé confiante no Reino dos Céus. Como podemos ver na vida do Apóstolo Pedro, a atitude dos apóstolos e discípulos consistia, acima de tudo, em “deixar-se fazer”. “A Esperança teológica perde toda a sua força quando é substituída pelo dinamismo político. Isso é verdade quando a dimensão política se torna ‘a dimensão principal e exclusiva, levando a uma leitura reducionista das Escrituras’.” 9 Por outro lado, estamos bem cientes de que a esperança Escatológica, que não pode ser reduzida à evasão ou à devoção, não diminui a importância dos compromissos terrenos. Pelo contrário, dá um ardor e uma força motivadora ao trabalho apostólico. Santa Teresinha do Menino Jesus soube encontrar um belo equilíbrio entre seu amor pelo real no momento presente, “só por hoje”, e sua contínua aspiração e tensão em direção ao céu. Os consagrados, seguindo seus passos, são chamados a dar testemunho dessa
lembrança do céu, um testemunho que às vezes pode ser provocador.
O Céu é o prêmio!
Enfim, nos reunimos
Para juntas conversar
Sobre as alegrias do Paraíso.
O Céu é o prêmio!
Mas, falando, se trabalha.
Uma corta e outra costura
Os paramentos do altar.
O Céu é o prêmio!
Vê-se a santa alegria
Imprimir o seu cunho
Nos rostos serenos.
O Céu é o prêmio!
Uma hora passa depressa…
Volto a ser eremita,
Sem franzir a sobrancelha. 10
O Cardeal Basil Hume (1923-1999), que era monge beneditino, contava a seguinte história sobre os consagrados, monges e religiosos, em forma de brincadeira: “Para mim, eles são um sinal do céu. Como o homem que espera o ônibus na estação. Ele é o sinal que o ônibus está prestes a chegar…”. Mesmo que o hábito dos consagrados possa provocar e questionar aqueles que nos rodeiam, são precisamente os nossos irmãos e irmãs que, sem palavras, suscitam essa lembrança, a de apontar para o Céu e para a nossa vocação a um outro Reino. Cristo é o fim e o objetivo de nossa existência; é em direção a Ele que devemos nos dirigir, com a ajuda da graça, durante nossa breve vida terrena. As almas consagradas não podem se esquecer disso nem por um único dia de suas vidas aqui embaixo!
Nós gememos, na aspiração pela redenção de nossos corpos
O Cardeal Ratzinger explica: “O corpo, que atualmente é moldado pela alma (psique), será moldado pelo espírito (pneuma) na gloriosa ressurreição” (cf. 1 Cor 15, 44) 11. Nossa comunhão com Cristo, iniciada na Terra, é apresentada por Paulo como o único objeto de esperança no estado após a morte: “Estar com Cristo” (Fl 1,23). Entretanto, nossa comunhão com o Cristo ressuscitado será completa quando também formos ressuscitados corporalmente. O Apóstolo Paulo expressa isso como um suspiro: “Também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente, suspirando pela redenção do nosso corpo” (Rm 8, 23). A alma consagrada aspira com todo o seu ser por esse encontro e essa união definitiva, esse encontro face a face no qual será revelada, em um instante, conhecida e reconhecida pelo que realmente é e pelo bem que terá feito. Pois, como afirma o Cardeal Ratzinger: “Os atos de inteligência e de vontade realizados na terra permanecem depois da morte” 12. Para os consagrados, a morte no Senhor é preparada por uma vida santa; ela é desejável na medida em que conduz à bem-aventurança celestial. “Feliz os mortos, os que desde agora morrem no Senhor” (Ap 14, 13). A ressurreição final não pode ser vista apenas como felicidade individual, mas também implica uma dimensão eclesial. “Assim, estaremos com o Senhor para sempre” (1Ts 4, 17).
O Magistério afirma que “as almas dos santos gozam da visão beatífica de Deus e da perfeita comunhão com Cristo imediatamente após a morte; isso sempre pressupõe que são almas que foram purificadas” 13. Enquanto aguardamos essa bem-aventurança, somos confrontados com o desafio de aceitar o sofrimento, a doença e as provações pelas quais Deus nos permite passar, tornando-nos participantes da Paixão de Cristo e, pela oferenda destas, nos unimos ao ato pelo qual o Senhor ofereceu Sua vida ao Pai para a salvação do mundo. Dessa forma, todos nós podemos afirmar, como fez São Paulo: “ Completo o que falta às tribulações de Cristo em minha carne pelo seu Corpo, que é a Igreja.” (Col 1, 24). Ao nos associarmos à Paixão do Senhor, somos conduzidos a possuir a glória de Cristo Ressuscitado: “Incessantemente e por toda parte trazemos em nosso corpo a agonia de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja também manifestada em nosso corpo” (2 Cor 4, 10). No Último Dia, qual será a recompensa que as almas consagradas viverão, segundo atesta Santa Teresa do Menino Jesus? “Quão copiosa não é a colheita que fizestes!… Semeastes entre lágrimas, mas em breve vereis o fruto de vossos trabalhos. Voltareis cheia de alegria, carregando em vossas mãos os feixes” 14.
Agradeçamos por essa multidão de irmãos e irmãs consagrados que, por meio de sua perseverança e fidelidade, estão nos conduzindo em direção ao céu em uma alegre procissão de esperança! Para concluir, vamos citar a poesia de Charles
Péguy 15:
“A fé que mais amo, diz Deus, é a Esperança.
A fé não me surpreende. Não é surpreendente.
Eu me alegro muito em minha criação.
Caridade, diz Deus, isso não me surpreende.
Não é de se admirar. Essas pobres criaturas
são tão infelizes que, a menos que tenham
um coração de pedra, como podem não
ter caridade umas com as outras?
O que me espanta, diz Deus, é a esperança.
E disso não me canso.
Essa pequena esperança que parece não ser
nada.
Essa esperança menina. Imortal.
Por minhas três virtudes, diz Deus.
As três virtudes, minhas criaturas.
Minhas filhas, meus filhos.
São elas mesmas como minhas outras criaturas.
Da raça dos homens.
A Fé é uma Esposa fiel.
A Caridade é uma Mãe.
Uma mãe ardente, toda coração.
Ou uma irmã mais velha que é como uma mãe.
15 Charles Péguy (1873-1914), poeta contemporâneo de Santa Teresinha do
Menino Jesus, sobre a virtude da Esperança, em: “Le Porche du Mystère de la
deuxième vertu”. Para evitar a extensão deste artigo, não citamos esse poema
em sua totalidade. Os leitores deste compêndio podem procurar o texto
completo de Charles Péguy, que vale a pena descobrir e ler na íntegra.
Mas a Esperança é uma menina que parece não
ser nada.
Que veio ao mundo no dia de Natal do ano
passado.
Que ainda brinca com o janeiro bonacheirão.
Com os seus pinheirinhos em madeira alemã
cobertos de neve pintada.
Com a vaca e o burro em madeira alemã.
Mas é essa menina que atravessará os mundos.
Essa menina de nada.
Só ela, guiando as outras,
atravessará os mundos revolvidos.
Mas a esperança não é evidente por si mesma.
A esperança não vem por si só.
Para ter esperança, minha filha,
você precisa ser muito feliz,
você deve ter obtido, recebido uma grande graça.
A pequena esperança caminha entre
as suas irmãs mais velhas e não
lhe é dada a devida atenção.
No caminho da salvação, no caminho da carne,
no caminho pedregoso da salvação, na estrada
interminável, nessa estrada entre as suas
duas irmãs, caminha a pequena esperança.
Entre as duas irmãs grandes.
Aquela que é casada, e aquela que é mãe.
E ninguém repara nela, o povo cristão só repara
nas duas irmãs grandes.
A primeira e a última.
Que caminham com pressa.
Para o tempo presente.
FONTES:
1 Papa Francisco, Carta ao Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização,11 de fevereiro de 2022.
2 O Jubileu Extraordinário da Misericórdia ocorreu de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016.
3 Papa Francisco, Carta ao Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização,11 de fevereiro de 2022. 560
4 Cardeal Charles Journet, A Igreja do Verbo Encarnado, nº 3, 2.
5 Cardeal Journet, A Igreja do Verbo Encarnado, nº 3, 2.
6 P. M.-J. Lagrange, Évangile selon Saint Jean, Evangelho segundo São João,1925.
7 Papa Francisco, Homilia, 29 de junho de 2023.
8 Cardeal Joseph Ratzinger, 7 de março de 1992.
9 Cardeal Joseph Ratzinger, 7 de março de 1992.
10Santa Teresinha do Menino Jesus, Poesia n. 58, na versão francesa. Poesia
suplementar, n. 4, na versão portuguesa.
11 Cf. Cardeal Ratzinger, Questões actuais relativas à escatologia, Comissão
Teológica Internacional, 1992.
12 Cardeal Joseph Ratzinger, 7 de março de 1992
13 Missal Romano: Princípios e Normas para o Uso do Missal, Cidade do
Vaticano, 1983.
14 Santa Teresinha do Meninos Jesus, Manuscritos Autobiográficos A, 81,1.
15 Charles Péguy (1873-1914), poeta contemporâneo de Santa Teresinha do
Menino Jesus, sobre a virtude da Esperança, em: “Le Porche du Mystère de la
deuxième vertu”. Para evitar a extensão deste artigo, não citamos esse poema
em sua totalidade. Os leitores deste compêndio podem procurar o texto
completo de Charles Péguy, que vale a pena descobrir e ler na íntegra.