40 dias: um deserto de amor e esperança
Este mês de março começa com o início dos quarenta dias da Quaresma. O número “quarenta” tem um forte significado simbólico na Bíblia, refere-se aos quarenta anos que o povo de Israel passou no deserto, entre a saída do Egito e a entrada na terra prometida, e também aos quarenta dias que Cristo passou no deserto entre o Seu batismo e o início da Sua vida pública e missão. Foi no século IV que o Concílio de Nicéia, em 325, transformou a Quaresma em um tempo litúrgico específico com duração de 40 dias, dedicado: à formação dos catecúmenos, ao jejum, ao combate espiritual, ao retorno à Deus, à conversão, à confissão dos pecados, à penitência, à purificação interior e à reconciliação. A cada ano, a liturgia no início da Quaresma relembra os três exercícios essenciais a serem praticados: a oração, o jejum e a partilha ou esmola. Mas não devemos nos esquecer da dimensão feliz e positiva desse tempo litúrgico, que também é: “um deserto aberto à esperança e a um amor maior”, como profetizou Oséias:
“Eis que vou, eu mesmo, seduzi-la, conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração. Dali lhe restituirei as suas vinhas, e o vale de Acor será uma porta de esperança. Ali ela responderá como nos dias de sua juventude.” (Os 2, 16-17) O tempo da Quaresma começa todos os anos com a Quarta-feira de Cinzas (neste ano, no dia 5 de março) e terminará na Quinta-feira Santa, dia 17 de abril de 2025. Ao longo dos séculos, a prática do jejum foi adaptada. A Quaresma é um tempo favorável para viver algumas abstinências e privações (jejum), convidando-nos a nos privarmos de uma realidade que nos condiciona, seja ela: comida, carne ou outra; álcool, ou outras substâncias; apego às telas, TV, computador, celular, com os vícios que o acompanham; redes sociais; jogos, etc… Todos podem decidir se desapegar de algo material, especialmente se isso acabar prejudicando os seus relacionamentos, a sua própria vocação e a sua liberdade interior. O principal objetivo do jejum e das abstinências é sempre alcançar um maior amor de caridade para com os outros e uma maior liberdade interior, que se torna mais livre dos apegos terrenos de ano para ano. Para se prepararem para a celebração anual da Páscoa, os israelitas tinham que eliminar o “fermento velho”, ou seja, a massa fermentada proveniente de um processo anterior de fabricação de pão. Em termos de vida espiritual, o fermento simboliza a corrupção do pecado enraizada em nossa vida habitual. Todos nós precisamos ser libertados do fermento velho que simboliza a nossa vida antiga, aquela de que nos envergonhamos hoje. Essas são as “obras da carne” listadas pelo apóstolo Paulo em Gl 5, 19-21. As palavras do Apóstolo Paulo poderiam ser um programa de preparação para a nova Páscoa: “Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa, já que sois sem fermento. Pois nossa Páscoa, Cristo, foi imolada. Celebremos, portanto, a festa, não com velho fermento, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade.” (1Cor 5, 7-8)
Embora Jesus fosse particularmente intransigente com relação ao pecado, está claro que Ele era amigo dos pecadores, especialmente daqueles que se reconheciam como tal e que, portanto, se encontravam na atitude espiritual de humildade para acolher a Misericórdia Divina. Por outro lado, a dureza de coração dos fariseus lhe rendeu muitas de suas críticas. Sem humildade, a graça da Esperança permanece estéril. Em um de seus sermões, Santo Agostinho fez uma bela meditação sobre a parábola do publicano e do fariseu (cf. Lc 18, 9-14):
“O que o fariseu pediu a Deus? Procurem suas palavras e não encontrarão nada. Ele subiu para orar, mas não queria suplicar ao Senhor, queria louvar a si mesmo. Não louvar a Deus, mas louvar-se a si mesmo, ainda era pouco: além disso, ele expressou seu desprezo por aquele que estava orando. Quanto ao publicano, ele estava à distância – e, no entanto, estava perto de Deus. A consciência do seu coração o movia, mas um sentimento filial o prendia ao Senhor. As Escrituras dizem: ‘O publicano estava de longe’, mas Deus o ouvia atentamente. Pois o Senhor é ‘o Altíssimo’, mas ‘olha para as coisas humildes’, e ‘de longe conhece os grandes’, como esse fariseu. Há alturas que Deus conhece de longe, mas não perdoa. Ouça novamente a humildade do publicano: ‘estava à distância’ – isso é muito pouco: ‘nem sequer se atreveu a levantar os olhos para o céu’: sequer olhou para cima para ser digno de ser visto. Ele não ousou olhar para cima: a sua consciência o esmagava, a sua esperança o elevava. Ouça novamente: ‘batia no peito’. Ele era o executor de sua punição. É por isso que o Senhor mostrou misericórdia ao pecador que confessou sua culpa.
‘O publicano batia no peito, dizendo: ‘Senhor, tem misericórdia de mim, pecador’. Isso é alguém rezando! Que maravilha se Deus não conhece mais o pecado quando o pecador o reconhece!” 1 Santo Agostinho sublinha para nós a importância de “sentir o preço da misericórdia divina que é fonte única e esperança” 2.
Passando pela porta estreita
Ao longo deste Ano Jubilar, “portas santas” serão instaladas em Roma e em cada diocese, simbolizando a passagem, a “Páscoa”, onde cada peregrino poderá experimentar esse processo de mudança de uma margem para a outra, do velho para o novo, de um antes para um depois. Já citamos o versículo do Evangelho de João, no qual Jesus declara: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem” (Jo 10, 9). A tradição dessa passagem de fé remonta ao século XV. Desde o Jubileu do ano 2000, foi o próprio Papa São João Paulo II que abriu e fechou cada uma dessas portas na Basílica de São Pedro, em Roma. A Basílica de São Pedro foi a primeira a ser aberta e a última a ser fechada. Para este Ano Jubilar, as portas estão novamente abertas em todas as dioceses, bem como em algumas prisões e centros de acolhimento e misericórdia, a pedido do Papa Francisco. Cada um de nós, como “peregrinos da Esperança”, em Roma ou em qualquer diocese, pode experimentar essa “passagem” de fé e esperança, para nós mesmos, e para confiar ao Senhor nossas intercessões “de fato”. Quando lemos a parábola da Porta Estreita no Evangelho (cf. Mt 7, 13-14), vemos que não se trata tanto de uma questão de ascese necessária para o acesso ao Reino, mas sim de um ato de Esperança em Deus, nosso Senhor e Salvador, de quem vem todo dom da Vida, do Bem, da Verdade e da Bondade. Ainda temos que aprender com o Senhor porque, tantas vezes em nossas vidas, quando clamamos por
ajuda, Jesus parece permanecer distante e silencioso, quando na verdade: Ele está nos carregando!
Ato de esperança: “Eu espero, meu Deus, com firme confiança, que pelos merecimentos de meu Senhor Jesus Cristo, me dareis a salvação eterna e as graças necessárias para consegui-la, porque vós, sumamente bom e poderoso, o haveis prometido a quem observar fielmente os vossos mandamentos, como eu prometo fazer com o vosso auxílio.”
Esperando contra a Esperança
É aqui que precisamos aprender o que São Paulo, referindo-se à fé de Abraão, chama de “redobrar a esperança”, “spem contra spem”: “Esperando contra toda a esperança, creu e tornou-se assim pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: Tal será a tua
descendência” (Rm 4, 18). Em outras palavras, a confiança absoluta Nele permanece quando não há mais esperança, humanamente falando. Certas passagens em nossa vida são como “parábolas”, testando “portas” pelas quais a nossa fé deve passar para ser purificada e santificada. Nesta Quaresma, aprendamos com o Apóstolo João: “Todo o que Nele tem esta esperança, purificase a si mesmo como também Ele é puro” (1Jo 3, 3). Santa Teresa do Menino Jesus escreve, em História de uma Alma, sobre a ligação entre a humildade da alma e o dom da esperança, referindo-se ao testemunho de uma de suas superioras, Madre Genoveva: “Certamente Deus não ludibriou uma esperança tão cheia de humildade” 3.
O Espírito Santo utiliza e consagra todos os “aquebrantamentos” da vida para nos purificar e santificar
Essa foi a experiência de Jó em suas chagas, quando disse a Deus: “Tu me caças, multiplicas proezas contra mim” (Jó 10, 16). O Profeta Jeremias também passou por isso quando confessou: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir; Tu te tornaste forte demais para mim, Tu me dominaste. Sirvo de escárnio todo o dia, todos zombam de mim. Porque sempre que falo devo gritar, devo proclamar: ‘Violência, opressão!’ Porque a palavra de Senhor tornou-se para mim opróbrio e ludíbrio todo dia. Quando eu pensava: ‘Não me lembrarei dele, já não falarei em Seu Nome’, então isto era em meu coração como um fogo devorador, encerrado em meus ossos. Estou cansado de suportar, não posso mais! (…) Mas o Senhor está comigo como um poderoso guerreiro; por isso os meus perseguidores tropeçarão, eles não prevalecerão. Eles se envergonharão profundamente, porque não tiveram êxito; uma vergonha eterna, inesquecível. Ó Senhor dos Exércitos, que perscrutas os justos, que vês rins e coração, eu verei a Tua vingança contra eles, porque a Ti eu expus a minha causa.” (Jr 20, 7-12)
São João da Cruz descreveu, no século XVI, essas doces feridas do amor divino na alma: “Os trabalhos pelos quais são provados os que hão de chegar a este estado são de três espécies; trabalhos e desconsolos, temores e tentações que lhes vêm do século, por vários modos; tentações, securas e aflições, que procedem do sentido; tribulações, trevas, angústias, desamparos, tentações, e outros sofrimentos provenientes do espírito. Todos eles servem de meio para a purificação da alma segundo as duas partes, a espiritual e a sensitiva.” 4 “Se o espírito daquele que tem o poder baixar sobre ti, não abandones o teu posto, isto é, o lugar e posto de tua provação, situado naquele trabalho que Deus te envia, ‘porque este remédio te curará dos maiores pecados’ (Ecl 10, 4). Por assim dizer: cortará em ti as raízes dos teus pecados e imperfeições, que são os maus hábitos.” 5 “Uma é a vida beatífica, a qual consiste em ver a Deus, e esta se há de alcançar pela morte corporal e natural, conforme diz São Paulo:
‘Sabemos que se esta nossa casa de barro for destruída, temos nos céus morada de Deus’ (2Cor 5, 1). A outra é a vida espiritual perfeita, ou seja, a posse de Deus por união de amor; e esta se alcança pela mortificação total dos vícios e inclinações, e da própria natureza. Enquanto isto não se efetua, impossível é chegar à perfeição dessa vida espiritual de união com Deus, segundo afirma também o Apóstolo dizendo assim: ‘Se viverdes segundo a carne, morrereis. Mas se pelo espírito mortificardes as obras da carne, vivereis’ (Rm 8, 13).” 6
Não podemos viver e reagir apenas com base em nosso ser sensível e superficial. A nossa geração precisa descobrir o significado mais profundo das circunstâncias e o mistério que é cada ser humano. “O enraizamento talvez seja a necessidade mais importante e mais ignorada da alma” 7, alertou Simone Weil. Ela depositava a sua esperança não em riquezas precárias, mas na oração dos pobres.
Os dois pecados contra a virtude da Esperança: o desespero e a presunção
Para São Tomás de Aquino, a virtude da esperança é um “meio-termo” entre dois opostos: “A esperança, que é uma virtude teologal, é um meio-termo entre o desespero e a presunção. Da mesma forma, a fé também avança em um justo meio-termo entre heresias contrárias” 8.
O pecado “por defeito” do desespero
Por exemplo, pecamos “por defeito”, contra a virtude da temperança, ao nos deixarmos levar e comermos de forma insuficiente ou exagerada em relação às nossas necessidades. Da mesma forma, pecamos contra a virtude da esperança “por defeito” ao nos afundarmos no desespero, duvidando da misericórdia de Deus, desanimando, declarando que é muito difícil, abandonando a nossa vocação por medo de não corresponder a ela e deixando de contar com a graça de Deus. Em sua exortação apostólica sobre a Europa em 2003, o Papa São João Paulo II descreveu “a tentação do obscurecimento da esperança”, que produziu os dois extremos que acabamos de mencionar: “Na raiz da crise da esperança, está a tentativa de fazer prevalecer uma antropologia sem Deus e sem Cristo. Esta forma de pensar levou a considerar o homem como ‘o centro absoluto da realidade, fazendo-o ocupar astuciosamente o lugar de Deus. O ter esquecido Deus levou a abandonar o homem’.” 9 Essa observação pastoral, que data de mais de vinte anos atrás, infelizmente se aplica aos dias de hoje, e não apenas no continente europeu, mas também em outros continentes.
O pecado “por excesso” da presunção
Por exemplo, pecamos por excesso, por comer mais do que precisamos e pela compensação excessiva. Pecamos contra a virtude da esperança, ao nos lançarmos presunçosamente em “obras para Deus”, quando elas podem não ser “de Deus” e de acordo com a vontade Dele. Pecamos por presunção ao nos lançarmos sem o “temor de Deus”, que é o dom do Espírito que nos permite ouvir e nos permite ser verificados. Nesse sentido, Jesus lembra aos discípulos: “Aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas, o que perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, irá salvá-la. Com efeito, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e arruinar a sua vida?” (Mc 8, 35-36). Essa também é a interpretação de Santo Agostinho: “Para nos preservar do abatimento do desespero, as divinas Escrituras nos animam e, por outro lado, elas nos assustam para que não nos deixemos levar pelo orgulho. Mas, seria muito difícil para nós mantermos o justo equilíbrio de caminhar entre o desespero à nossa esquerda e a presunção à nossa direita, se Cristo não nos dissesse: Eu sou o caminho.” 10
Assim, podemos dizer que há dois extremos, dois opostos, um por “defeito” e outro por “excesso”, mas podemos ver – em ambos os extremos – que a direção ou é orientada para si mesmo, o que dá origem ao defeito e ao excesso; ou a direção é centrada em Deus e em Sua graça, o que conduz a uma justa medida no modo como exercemos cada uma das virtudes. Encontramos esse significado na doutrina de São João da Cruz, quando ele fala da graça da contemplação, que requer um “santo abandono” das três faculdades: entendimento, vontade e memória, um abandono que corresponde a um “vazio” das faculdades, que é como uma purificação pacificada. A partir de então, essas três faculdades não precisam mais agir de maneira indispensável e voluntarista – como forças obrigadas a salvar a situação -, mas se encontram totalmente disponíveis nas mãos do Senhor e de sua Providência:
a) “Na contemplação de que tratamos, por meio da qual Deus infunde algo de si mesmo na alma, não há necessidade de conhecimento distinto, nem de atos da inteligência feitos pela alma; porque, num só ato, Deus está comunicando luz e amor ao mesmo tempo; tal é o conhecimento sobrenatural e amoroso.” 11
b) “Se a vontade não volver atrás em busca de algum sabor ou gosto, embora no momento não o sinta em Deus, irá para diante. Aqui, o não volver atrás, abraçando algo de sensível, é ir adiante ao inacessível, que é Deus. Com efeito, para a vontade encaminhar-se a Deus, mais há de ir desprendida de tudo quanto é deleitoso e saboroso do que apegando-se a isto; assim cumpre bem o preceito do amor, que é amar a Deus sobre todas as coisas.” 12
c) “Tampouco há que temer, quando a memória se esvazia de suas imagens e figuras. Deus não tem forma ou figura; logo, há segurança para ela em ir vazia dessas formas e figuras, e mais se aproxima então de Deus; porque quanto mais se apoiar à imaginação, mais se afastará de Deus, e correrá maior perigo, pois sendo Deus incompreensível, não pode ser captado pela imaginação.” 13
Sempre que a virtude consiste em um meio-termo, podemos pecar tanto por excesso quanto por defeito
São Tomás de Aquino escreve sobre esse assunto: “Em relação a Deus, objeto da virtude teologal, não podemos pecar por excesso; pois, diz a Escritura (cf. Eclo 43, 33): ‘Bendizendo vós ao Senhor, exaltai-o quando podeis; porque Ele é maior que todo louvor’. Logo, a virtude teológica não consiste num meio-termo. O meio-termo da virtude é considerado por conformidade com a sua regra ou medida, que podemos ultrapassar ou não alcançar. Ora, a virtude teologal é susceptível de dupla medida — Uma fundada em a noção mesma de virtude. E assim a medida e a regra da virtude teologal é o próprio Deus. Porque a nossa fé é regulada pela verdade divina; a caridade, pela Sua bondade; e a esperança, enfim, pela grandeza do Seu poder e do Seu amor. (…). A outra regra ou medida da virtude teologal se funda em nós; porque, embora não possamos nos dar a Deus tanto quanto devemos, devemos contudo, crendo, esperando e amando-O, nos aproximar Dele conforme a capacidade da nossa condição. Por onde, acidentalmente, podemos, quanto ao que nos diz respeito, distinguir na virtude teologal um meio e extremos.” 14
O sacramento da Penitência
É o sacramento da Misericórdia, no qual o Senhor vem para perdoar todos os nossos pecados. “É Ele quem perdoa tua culpa toda.” (Sl 103, 3) “Lança no fundo do mar todos os nossos pecados.” (Mq 7, 19) O Papa Francisco, por ocasião da publicação da Bula do Jubileu “Spes non Confundit”, “A esperança não decepciona”, escreve: “A Reconciliação sacramental não é apenas uma estupenda oportunidade espiritual, mas representa um passo decisivo, essencial e indispensável no caminho de fé de cada um. Ali permitimos ao Senhor que destrua os nossos pecados, sare o nosso coração, nos levante e abrace, nos faça conhecer o Seu rosto terno e compassivo.” 15
A todos, eu digo: “Não deixem que sua esperança seja roubada!”
Desde os primeiros meses de seu pontificado, o Papa Francisco tem alertado sobre a necessidade de sermos vigilantes em nosso cuidado fraterno, uns com os outros, porque os demônios que nos incitam ao pecado e ao mal são mais astutos do que nós. Portanto, precisamos que essa vigilância seja vivida como irmãos e irmãs. “Talvez a esperança seja como as brasas debaixo das cinzas; ajudemo-nos uns aos outros com a solidariedade, soprando nas cinzas, a fim de que o fogo volte a atear-se mais uma vez. Pois é a esperança que nos faz ir em frente. E isto não é otimismo, mas algo diferente. Todavia, a esperança não é de uma só pessoa, a esperança fazemo-la todos juntos! Temos que alimentar a esperança entre todos, entre todos vós e todos nós que estamos distantes. A esperança é algo vosso e também nosso. É algo que pertence a todos! É por isso que vos digo: ‘Não vos deixeis roubar a esperança!’. Mas sejamos sagazes, porque é o próprio Senhor quem nos diz que os ídolos são mais astutos do que nós. O Senhor convidanos a ter a astúcia da serpente, juntamente com a bondade da pomba. (…) Lutemos todos juntos a fim de que no centro, pelo menos da nossa vida, estejam o homem e a mulher, a família, todos nós, para que a esperança possa progredir… ‘Não vos deixeis roubar a esperança!’” 16
FONTE:
1 Cf. Santo Agostinho, Heptateuco, Livro II, 2105.
2 Cf. Ibidem.
3 Santa Teresa do Menino Jesus, História de uma Alma, Manuscrito A, fólio 78, verso.
4 São João da Cruz, Chama Viva de Amor, n. 25.
5 Ibidem, n. 3 0 .
6 Ibidem, n. 32.
7 Simone Weil, O enraizamento, Editora Relógio d’Água, 2014.
8 Cf. São Tomás de Aquino, Suma Teológica, I-II, q. 64, a4.
9 São João Paulo II, Exortação Apostólica Ecclesia in Europa, 28 de junho de 2003, n. 9.
10 Santo Agostinho, Sermão CXLII.
11 São João da Cruz, Chama Viva de Amor, v. III, n. 49.
12Ibidem, n. 5 1 . 13 Ibidem, n. 52.
14 Cf. São Tomás de Aquino, Suma Teológica, I-II, q. 64, a4.
15 Papa Francisco, Bula de Proclamação do Jubileu ordinário do ano de 2025, Spes non confundit, n. 23.
16 Papa Francisco, Visita Apostólica à Sardenha, 22 de setembro de 2013.