Preparação para o Jubileu
D. Orani João Cardeal Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro Extratos da Carta Pastoral para o Ano Vocacional Missionário, em 14 de dezembro de 2022. Em tudo devemos ver a Providência Divina que conduz os passos da humanidade, ainda quando essa se distancia ou até mesmo ignora a Sua presença amorosa e cheia de compaixão. […] Os problemas que enfrentamos nestes últimos tempos são, sem dúvida, um divisor de águas, e precisamos dar respostas aos inúmeros desafios que brotaram para a ação evangelizadora. Ano Santo em 2025 O Santo Padre chamou toda a Igreja a reacender a esperança, diante dos transtornos catastróficos causados pela pandemia, que alterou o modo de viver em todo o mundo gerando limitação, medo, perplexidade, dor, sofrimento e morte. O desejo do Papa é que façamos “todo o possível para que cada um recupere a força e a certeza de olhar para o futuro com espírito aberto, coração confiante e mente clarividente”. Desse modo, almeja que o Jubileu da Esperança, cujo lema é Peregrinos de Esperança, favoreça uma grande “recomposição de um clima de esperança e confiança, como sinal de um renovado renascimento do qual todos sentimos a urgência […] tudo isto será possível se formos capazes de recuperar o sentido de fraternidade universal […]. Que as vozes dos pobres sejam escutadas neste tempo de preparação” 1. A preparação para o Jubileu 2024 – Ano da Oração O ano de 2024, segundo o Papa Francisco, será dedicado à oração a fim de “recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, escutá-Lo e adorá-Lo […] para agradecer a Deus tantos dons do seu amor por nós e louvar a sua obra na criação […] que se traduz na solidariedade e partilha do pão quotidiano” 2. Compreendendo que a oração é “o programa de vida” dos discípulos de Jesus, nossas atividades pastorais deverão ser planejadas, pautadas e permeadas pela oração. Preparar-se para o Jubileu com a Lectio Divina […] Evangelizar é a resposta que os cristãos, ao longo dos séculos, têm dado a quaisquer situações novas. Maiores os problemas, maior deve ser a missão, uma missão que começa no testemunho, mas que se confirma no claro falar de Jesus Cristo, na dedicação de um tempo à vida e ao serviço em comunidade e na participação ativa nas obras de caridade. Como afirma também o Papa Francisco, “Evangelizar é um convite que o Senhor Jesus faz a todos os batizados. Para isso é necessário que nos deixemos envolver por Ele, renovando nosso encontro pessoal com Ele” 3. Busquemo-lo porque ele nos busca, Ele nos deseja.[…] Tenho insistido sobre a importância da Lectio divina por tratar-se de um alimento necessário para a nossa vida espiritual, principalmente como método para os círculos bíblicos e grupos de reflexão ou pequenas comunidades. Com base nesse exercício, conscientes do plano de Deus e de sua vontade, podemos produzir os frutos espirituais necessários para a salvação. A Lectio divina consiste em deixar-se envolver pelo plano de salvação de Deus. O Concílio Vaticano II, em sua Constituição dogmática Dei Verbum, n. 25, ratificou e promoveu, com todo o peso de sua autoridade, a restauração da Lectio divina, retomando essa antiquíssima tradição da Igreja Católica. O Concílio exorta igualmente, com ardor e insistência, a todos os fiéis cristãos, sobretudo os religiosos, que, pela frequente leitura das divinas Escrituras, alcancem este bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8), porquanto “ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo” 4. O método mais antigo, que inspirou outros mais recentes, consiste em que, pessoalmente, em comunidade, ou no círculo bíblico, a reflexão com a palavra de Deus, depois da invocação do Espírito Santo, siga os passos tradicionais: 1) lectio (leitura); 2) meditatio (meditação); 3) oratio (oração); 4) contemplatio (contemplação). Existem outros métodos que, inspirados neste, procuram ajudar o cristão a acolher em sua vida a palavra de Deus e pô-la em prática no seu dia a dia. Chegou o momento de passarmos a propor em nossos grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros grupos a palavra de Deus como fonte de reflexão e inspiração para iluminar a nossa realidade concreta. Fonte:
1 Papa Francisco, Carta ao Arcebispo Rino Fisichella pelo Jubileu 2025, 1 1 . f e v . 2 0 2 2/
2 Ibid.
3 Cf. Papa Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 2013, n.3.
4 São Jerônimo, in Is., prol.